2007-09-24

Mano Brown - Figuraça da semana

Qual não foi minha supresa ao passar pela TV cultura e encontrar o Mano Brown dando uma entrevista no Roda Viva, foi uma lenhada atras da outra. Gostei muito de ouvir essa figuraça que é lider da banda Racionais MCs. Uma visão menos romantica da vida na favela. O cara tem uma capacidade de mostrar uma situação, sem essa de guerra, sem essa de ficar julgando a bandidagem, que ele chama respeitosamente de comerciante. Da pra ver claramente o que é respeito, uma outra especie de sabedoria, um tipo de homem que não fica floriando o raciocinio, nem fazendo discurso pra burgues achar bonito, é na lata, na raça... Com uma consciencia nativa, com uma visão de quem sabe como são a coisas... Sem sonhos e devaneios. Gostei de ver um cara que estudou só até a oitava serie, que faz uma poesia firme, digna, que tem uma inteligencia da vida, uma consciencia de si mesmo sem a vaidade daqueles que estão procurando ser reconhecidos. Um lider sem a pretenção de ser. Eu fico imaginando a vida que esses caras levaram, é só o que posso fazer, imaginar. Eu nao sou muito fã de Rip Rop, mas sempre admirei esse tipo de atitude, firme, de senso critico e malandragem refinada, são poucos esses poetas. Esses inventam o proprio modo de viver e sobrevivem como animais e por isso superam as espectativas da raça humano. É uma luta de vida. Um guerreiro admiravel.
Como é que é Mano Brown...

As coisas não vão bem

Tá foda essa vida de artista solitário, depois que sai do oficinão tem sido dificil minha permanência aqui em BH. To muito afim de fazer o curso de dança com a Dudude mas não tá facil conseguir a grana para isso... Acho que estou aqui só pela Dora, acho eu... A galera que tá se formando, como grupo, lá no oficinão, tambem me dá uma ponta de esperança de ter um grupo para trabalhar, mas não tá facil viver aqui. O super night shot foi otimo, me deu uma visibilidade bacana, algum dinheiro, mas ficou nisso, aquilo não vai pra frente, se ainda fosse eu poderia viajar daqui e ai tava tudo bem, teria grana e tempo pra fazer as coisas que quero por aqui. A Dora tá lá afundada no processo e não tem muito tempo pra ficar discutindo relação, essas coisas... Diz ela que quer mudar de vida, vida nova então, mas tá dificil viu... Sozinho, montando um monologo, onde serei o diretor e o ator, tentando escrever um projeto de uma otima ideia pra o grupo daqui fazer no ano que vem... Essas coisas de sempre... Não estou dizendo que se estivesse no Rio estaria melhor, acho que é mesmo a coisa de trabalhar com teatro, com 33 anos acho que não estou conseguindo, as pessoas sempre me dizem que tem de ter um paralelo, que não dá pra viver de teatro, essas coisas, mas eu sou mesmo um cabeça dura e vou me esbofetiando pela estrada... To tentando ser forte... Mas tá dificil a coisa toda.

Merda!

2007-09-19

Macaco Pelado - conversa com os amigos.

Ola, queridos leitintes e Macacada em geral. Voltei a ter internet em casa, apois um longo periodo de lan, a coisa toda voltou ao normal... Posso dividir aqui no cantinho as coisas me atravessaram nestes meses de cidade nova.
Pra não perder o costume estou me "intituleijando" como Macaco Pelado. Logo os leitintes vão entender doque se trata essa brincadeira.


Vamos falar um pouco de BH. Ontem eu fui ver os dançarinos de belo horizonte, foi otimo ver as possibilidades do movimento, a expressão do corpo no espaço, coisa pela qual venho me interessado cada vez mais. Quando sai do Rio, logo depois de ter estreiado o Monologo da Puta no Manicomio, trouxe comigo uma série de questoes, o trabalho com a Mirian foi muito produtivo. De alguma maneira eu achava que BH me levaria a repensar meu teatro... De alguma maneira é o que está acontecendo, memo por ser um desejo meu. No encontro de dança, ontem, fiquei pensando sobre essas questões.

Hoje fui a praça da Liberdade, uma linda praça, que faz parte do Complexo Liberdade. Tá acontecendo o Usiminas Festival, um palco foi armado para shows musicais, outro mais moderninho e a peça de teatral O Circo do Lixo, do projeto Pé na Rua do Galpão Cine Horto. Fui ver a peça. Se era boa ruim não vem ao caso, o fato que é um lindo encontro, plateia e artistas no meio da Rua.

Ainda não pude dizer aqui, mas, não estou no Oficinão. A Dora está, tive que sair para fazer o Super Night Shot. Foi uma decisão dificil de ser tomada, agora estou sofrendo as consequências, o Super Night Shot já acabou e eu estou tendo que me virar por aqui, se estivesse no Oficinão estaria sem dinheiro, agora estou com um pouco de dinheiro mas não estou no oficinão. A galera lá verticalizando em uma montagem de peça, nunca vi um processo tão profundo como este, e eu aqui no meio dessa cidade, com uma variedade imensa de artistas, pensadores e etc...

Tenho visto o maximo de peças que eu posso, agora quero fazer aula de Dança com a Dudude, foi ela que me convidou pra ver as experimentação de ontem. Conheci a Dudude no oficinão, ela é a preparadora corporal, que mulher é essa... Uma loucura de potência... Ficamos todos apaixonados por ela, agora que não estou mais no oficinão, vou fazer o curso de dança com ela. Uma loucura!

Mas eu não sou mesmo de ficar parado, já estou desenvolvendo duas ideias, um projeto para o grupo que esta se formando a partir dos encontros do Oficinçao 2007 e um monodrama, sim, quero eu mesmo viver o que fiz a Mirian e a Aline viveram, um monologo. Pra dificultar vou fazer ele na Rua. Ainda escolhendo material, sobram algumas ideias e to na rua logo. Quero tentar fazer Angra e Curitiba no Incio do ano que vem e estrear esse ano. Daí a coisa com o Macaco Pelado, quero fazer algo neste sentido. Inspirado no Barão de Itararé de Marcio Vito, uma conferencia sobre o macaco pelado, com um professor estranho, um morador de Rua, um Zoologista moribundo que pesquisa o ser humano. Um cientista. Logo vcs ficaram sabendo dessa nova empreitada. O fato que só consigo pensar nisso, a vida ai cheia de contas pra pagar e eu sonhando em dar minha cara pra bater. Vida maluca essa de Macaco Pelado.

Não sei se estou sendo claro, não estou muito preocupado com a forma com que estou escrevendo isso aqui, pensem em uma conversa. Tudo xadrez!

2007-09-18

Que tipo de plateia nós queremos - Reflexões

Hoje aconteceu uma coisa impressionante, o publico reagiu. Boicoite ou intervenção, o fato é que uma pequena parte se manifestou. Foi otimo, em se tratando de um espetáculo de dança improvisacional, onde o publico junto com os artistas caiem no risco do inusitado. Trata-se do projeto "Momentum - composição no instante", são escolhidos 3 dançarinos e eles tem que improvisar em pleno desapego, se fazendo e desfazendo, em constante devir de mudança. Feito a devida apresentação vamos ao fato que nos refletir durante 40 minutos depois do espetaculo em um debate.

O publico ficava na plateia do teatro e também em uma arquibancanda sobre o palco. Um grupo de jovens se colocou nesta arquibancanda. O coisa toda começou e alguns destes jovens se manifestaram com sons, ou palmas em horas não esperadas. O coordenador do projeto se sentiu incomodado e "interviu na intervenção". Como tudo isso aconteceu no palco o público que estava na palteia percebeu que algo estava estranho, eu mesmo, achei que o coordenador fosse o professor dos jovens que não havia aprovado a ação legitima dos meninos. No debate nós ficamos sabendo o dialogo da ação; o coordenador disse para os rapazes que não estava certo intervir daquela maneira. O garotos se defenderam dizendo que eles estavam se sentindo impelidos a participar, pois desde o momento que eles entraram no teatro já não eram simples espectadores. Alguns disseram que concordavam com o coordenador, que ali era o momento apenas de observar, outros, como eu, achavam legitima a manifestação e que não havia nos rapazes um manifestação de boicoite.
Eu, particularmente, como artista de Rua, gosto de ser desafiado pela plateia, por tanto adoraria que o publico de minhas peças me jogassem coisas ou falassem comigo... São tantas as maneiras de reagir, inclusive a meneira com que o cordenador reagiu, pra mim foi tudo muito instigante. O debate foi lindo e todos nós refletimos sobre a participação da plateia.

Na musica o comportamento passivo é quase compreensivo, trata-se de tempo musical, partitura, da escuta dos musicos para que eles possam executar a obra com perfeição... Em arte cênica a coisa é mais no devido contato, a plateia e o artista estão ali em pleno encontro, num desafio de parceria, não de competição. Cabe ao artista refinar suas respostas e compor a partir dos estimulos recebidos. Uma vez eu vi o Sivuca para o show e brigar com a plateia que estava batendo palma, dizendo que aquilo e musica não combinavam, foi meu arrogante, mas enfim.

Passo rapido por esse assunto não com respostas mas com muita reflexão sobre o comportamento da plateia.