2007-09-18

Que tipo de plateia nós queremos - Reflexões

Hoje aconteceu uma coisa impressionante, o publico reagiu. Boicoite ou intervenção, o fato é que uma pequena parte se manifestou. Foi otimo, em se tratando de um espetáculo de dança improvisacional, onde o publico junto com os artistas caiem no risco do inusitado. Trata-se do projeto "Momentum - composição no instante", são escolhidos 3 dançarinos e eles tem que improvisar em pleno desapego, se fazendo e desfazendo, em constante devir de mudança. Feito a devida apresentação vamos ao fato que nos refletir durante 40 minutos depois do espetaculo em um debate.

O publico ficava na plateia do teatro e também em uma arquibancanda sobre o palco. Um grupo de jovens se colocou nesta arquibancanda. O coisa toda começou e alguns destes jovens se manifestaram com sons, ou palmas em horas não esperadas. O coordenador do projeto se sentiu incomodado e "interviu na intervenção". Como tudo isso aconteceu no palco o público que estava na palteia percebeu que algo estava estranho, eu mesmo, achei que o coordenador fosse o professor dos jovens que não havia aprovado a ação legitima dos meninos. No debate nós ficamos sabendo o dialogo da ação; o coordenador disse para os rapazes que não estava certo intervir daquela maneira. O garotos se defenderam dizendo que eles estavam se sentindo impelidos a participar, pois desde o momento que eles entraram no teatro já não eram simples espectadores. Alguns disseram que concordavam com o coordenador, que ali era o momento apenas de observar, outros, como eu, achavam legitima a manifestação e que não havia nos rapazes um manifestação de boicoite.
Eu, particularmente, como artista de Rua, gosto de ser desafiado pela plateia, por tanto adoraria que o publico de minhas peças me jogassem coisas ou falassem comigo... São tantas as maneiras de reagir, inclusive a meneira com que o cordenador reagiu, pra mim foi tudo muito instigante. O debate foi lindo e todos nós refletimos sobre a participação da plateia.

Na musica o comportamento passivo é quase compreensivo, trata-se de tempo musical, partitura, da escuta dos musicos para que eles possam executar a obra com perfeição... Em arte cênica a coisa é mais no devido contato, a plateia e o artista estão ali em pleno encontro, num desafio de parceria, não de competição. Cabe ao artista refinar suas respostas e compor a partir dos estimulos recebidos. Uma vez eu vi o Sivuca para o show e brigar com a plateia que estava batendo palma, dizendo que aquilo e musica não combinavam, foi meu arrogante, mas enfim.

Passo rapido por esse assunto não com respostas mas com muita reflexão sobre o comportamento da plateia.