2007-06-25

Um Pouco de Fugant na veia - Spinoza, Nietzsche, Deleuze...

Hoje foi à noite do Fugant. Nosso filosofo particular, um pensador refinado. Saio sempre muito afetado. Parece que tudo que é dito, faz um sentido muito claro em minha experiência pessoal. Nesse encontro nós permanecemos com Nietzsche, entramos um pouco na má consciência, no ser ativo e reativo, no julgamento, no valor do bem e do mau, do útil e do inútil. Antes de transcrever o que anotei na aula, vou falar um pouco do que me afeta. O Fugant tem uma capacidade incrível de tirar de nós o chão, mostra aquilo que nos afasta do que podemos. Aponta o dedo na nossa própria historia e indica o porquê de sermos como somos. O poder da cultura que nos é imposta goela abaixo, o que é pior, com nossa conivência. Por isso estamos tão afastados daquilo que podemos. O tal do pecado infinito, a culpa, o medo. É disso que o poder se alimenta. Dá até medo quando você começa a fazer algumas relações simples, por exemplo, com as musicas de ninar (Boi, boi, boi. Boi da cara preta pega essa criança que tem medo de careta), na bandeira do Brasil esta escrito Ordem e progresso, tiraram até o amor da frase original, a frase inteira: Ordem, amor e progresso. Os sacerdotes construíram uma jaula para o ser ativo, com o intuito de proteger os reativos. O preço desta proteção é caro. Dura uma vida e mais muitas. Abaixo um pouco do que anotei do encontro com o Fugant:
desconstrução do que separa a vida do que ela pode.
Força reativa = força de conservação. Força ativa = Força de criação.
Como nos tornamos criadores. Na medida em que criamos uma obra de arte, criamos a nós mesmos.
Não existe natureza humana, isso é uma ilusão, um modo reativo de viver.
Os Homens precisam de imagens e símbolos, pois são incapazes de acontecer.
Natureza para Nietzsche é feita de forças.
Não há verdade, a verdade é a direção de uma força.
Não é o juízo que julga, a força é quem interpreta na relação. Vida só acontece em relação.
Algo é aquilo que pode. Nietzsche parte de uma ausência de juízo. Isso coloca a arte refém da moral.
O sistema de juízo afasta o homem do que ele pode. Viva e deixe viver. A arte, deste ponto de vista, vai virar instrumento de controle de conservação. Policial das sensações.
Não adianta matar o poder, matar Deus, matar o juízo para depois exerce-lo. Por exemplo, os movimentos de esquerda que dizem: Vamos dividir o poder! Nietzsche descarta o juízo, ataca o uso da linguagem e sistema de representação.
A divida infinita. A culpa é do outro no ressentimento e minha na má consciência. Nós vamos ligar essa maneira de viver ao cristianismo, não o cristianismo criado por Jesus, mas aquele criado na idade media por São Paulo. O homem se realiza no pensamento e na sensibilidade. Do ponto de vista de Nietzsche tudo é sintoma de forças em relação. O corpo é uma composição de forças. Tudo é corpo.
Ser capaz de acontecer é o mesmo que ser ativo. Vivo, sou parte, logo existo.
O sentido da improvisação – o rigor da improvisação – ação – Fluxo – digestão – consciência.
O Homem reativo sofre da vida, padece da vida. Se sente injustiçado.Aquele que fica na marca, ressentindo, sentindo novamente infinitamente, exemplo: Sofre por aquilo que outro lhe fez, culpa o outro ou a si mesmo... Vive neste universo da culpa e não esquece jamais. A vida fresca vira sempre vida velha.
O que nos move a criar? A fazer arte?
Todo moralista identifica o mau fora.
Bom senso e senso comum são os pilares da má consciência.
O Sacerdote do ressentimento – aquele que cria, formula o julgamento. O anterior, o certo e o errado, o mau e bem. O ser ativo cria e não pede licença. No virtual não tem autoridade. sacerdote inventou a vergonha. Nietzsche diz: O homem é o animal que tem as faces vermelhas.
O teatro e seu duplo – Artaud - Leitura.
O primeiro aspecto da má consciência é a criação da dor, a expansão da dor. A tendência a achar que o mau esta sendo criado em mim. O pecado infinito.
O adolescente é a transição da passagem da criança para o adulto, por isso ele cria dor para si mesmo, pois precisa sair da irresponsabilidade criativa da infância, para a responsabilidade que nos é cobrada pela sociedade. Nilton Santos dizia que rebeldia era importante para que o jovem transgrida as leis e questione sua realidade.
Contra a democracia! A sociedade precisa encontrar o horizonte comum das relações e não as leis.
Precisamos transmutar a força reativa para que ela seja função da força ativa.
São Paulo cria a dor e a culpa no individuo. Foi por isso que a igreja condenou a comedia, pois o único remédio para dor é o juízo final.
Nietzsche.
São Paulo nos cria uma divida tão imensa e infinita que somente o perdão de Deus pode pagar. Por isso Cristo morreu por nós. Para nos livrar do pecado.
O poder usa o juízo e desqualifica.
Não há no fundo da natureza, uma culpa, uma falta, um erro. Ao cego não falta nada, você é aquilo que pode.