2010-08-18

Um pouco de ódio

Tenho preguiça dessa gente moderna e cheia de cu frouxo. Desse povo espremido e sem gosto, que finge uma segurança desnecessária. Fazem questão de mostrar que acreditam que o mundo existe a partir deles. Vermes com auto-estima. Preguiça não é bem a palavra. Tenho nojo. Eu os mataria todos. Acuso-me. Não tenho o menor saco pra essa gente covarde e cheia de si. De longe, com suas roupas da moda parecem até legais e informadas, de perto são tão baratas e mesquinhas que não valem o peido da pior piranha barata de uma esquina qualquer da Lapa.

Deve haver, em algum idioma, uma palavra para esse ódio recalcado que sinto. Deve ser ódio, recalque com certeza.

Não tive as mesmas oportunidades e, no entanto, profano o solo de vocês com meu gosto duvidoso e minha maneira de enfiar o dedo em vossos cus. A cada encontro com um tipo desses, minha alma perde alguns pontos de vida. São da mesma espécie dos revolucionários festivos, dos rebeldes sem causa, dos acadêmicos sem paixão, dos funcionários públicos sangue sugas, dos burgueses que fedem e tantos outros tipos de vermes que me causariam um câncer se me forçasse a dizer todos. Estamos cercados por esse tipo de bicho escroto; nos festivais de arte, na imprensa, a porta dos teatros e cinemas, no desfile de modas, na TV; aqui e ali também. Serei eu um tipo de Erostrato? Deixo-me (te) a duvida.

Tecendo

Os dedos da mão estavam doloridos. Gastos pelo tempo de uso. Marcas de uma vida dedicada a teclar sem fim. Nas horas de lazer converso com os amigos que estão do outro lado do mundo. Ainda prefiro a intimidade das palavras escritas, não gosto de vídeos e do que eles podem dizer de você. As palavras dizem mais de mim do que minha imagem na tela do computador. Sempre gostei de me esconder atrás das palavras, mesmo as faladas são um refugio. Quando não disponho de um computador falo até me danar e que se danem os outros.

Papinho

Ando pelos becos escuros a procuro de um tanto de mim que se perdeu por ai. Cato os pedaços e junto-me em frangalhos para continuar a vida que se morreu na curva de uma vida passada. Hoje é tarde, mas amanha, que nem existe, há um lá que me aguarda sem mim. Oh! Manhã dos inícios. Tudo começa e termina com a mesma velocidade do pensamento. Recrio-me independente de mim e sou parte infinita dessa substancia toda que estamos mergulhados e que sou eu e você também. Nem mesmo existo agora e já existo agora, novo e de novo. Dentro de mim, há um tanto de mim, de tantos outros, que desconheço necessária e necessariamente. Nada é nada. Tudo é um nós sem eu, que se pudéssemos medir saberíamos o quanto somos indivisíveis. Eu sou você e você sou eu agora e por toda a eternidade. Quando nos desfazemos nos fazemos e o que me compõe, ora, agora, me decompõe em ato, no ato, em relação. A causa do efeito é que sempre há o efeito da causa, infinitamente infinito. Quem não consegue acompanhar os fatos, mova-se! Basta um pequeno passo e já não estamos no mesmo lugar. Um pequeno passo para o homem é sempre um grande passo para a humanidade.