De boca aberta o índio recebeu os europeus como quem para diante do novo e perde qualquer poder de reação. Uma simples galinha pode se tornar um monstro assustador, com suas penas, bicos e cocoricar sinistros. De princípio era o choque e a esperança do contato com um Deus que lhes era sedutor. Quem não ficaria imóvel diante de uma nave de outro mundo? Imagino a cena de impacto: no horizonte o que é apenas um ponto preto vai aos poucos se transformando em uma enorme maquina flutuante, de onde descem homens de barbas longas e corpos de muitas texturas, com botas, chapéus e armaduras que lhes emprestam uma imagem de seres de outro mundo, o que de fato eram. O encontro de dois mundos distintos. Um horror de admiração dos dois lados nos diz Pero Vaz de Caminha. Dizem que nossos índios eram ingênuos, crianças a brincar no jardim do Édem, não estou certo disto. Tenho a ideia fixa de que eram simplesmente seres humanos com seus costumes e ideias próprias para explicar sua existência. Dizem que o Brasil é feito do pior da Europa, com o pior da África e com os piores nativos de toda América. Dizem, e quem diz? Que nossos índios, nossos? Eram preguiçosos, e por isso foram facilmente controlados, dominados, exterminados. Não estou bem certo disso. Estamos investigando para tentar entender a formação do povo brasileiro. São tantas lacunas de nossa própria história, mesmo porque quem ganha a guerra nos conta sua versão, nos falta uma parte importante, a versão do derrotado. E ai batemos cabeça, cagamos regras sobre si mesmos e etc... O que me toca nisso tudo é ter que acreditar que o ser humano é ganancioso por natureza, invejoso por natureza, uma praga por natureza. Dai não importam os Deuses, pois eles deviam estar loucos quando nos puseram no mundo. Nem vem com essa de que o mundo piorou. O mundo sempre foi essa merda admirável. Uma cagada de um Deus louco, tirânico e todo poderoso. Nesta merda divina somos os vermes a vagar pela superfície fétida do mundo de merda. Peida!
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