2007-10-23

Gente estética



Com um olhar firme e seguro, vou buscar nos meus antepassados algum tipo de argumento que nos faça refletir sobre o que se passa, as vezes , na cabeça do artista brasileiro... Chamo aqui nestas minhas palavras, Grotowski, Lope de Vega, Artaud, Bertolt Brecht, Stanislavski, Zé Celso, Yan Michaski, Rubens Corrêa, Vianinha, Nelson Rodrigues, "Geraldo" Tomaz, Antunes Filho... Todos esses e outros que de alguma forma fortalecem nossas crenças e qualidades artisticas.

"A arte não é regida por principios democraticos"

"A mise en scene só existe na pratica"

"Não há classes no teatro"

"Devemos cultivar a palavra. Não deixa-la sucumbir às pressões de nossa época. As novas gerações desprezam a palavra porque elas foram superadas pela imagem"

"Critica ao essencialismo - Quando você chega lá, não ha lá, lá!"

"Enquanto artista, quanto mais tempo o ator permanecer uma criança, melhor. A maturidade precoce, sob a forma do compromisso, não faz bem algum"

Hoje fomos ver "Geraldo"

Será que o nome tem haver com o diretor Gerald Thomas, acho que não.

Estéticamente era interessante, tinha video, cenário com dois ambientes, o fora e o dentro, luz em perfeita hamonia, gente estética que fez a lição de casa. Pós moderno? Contemporaneo? Dissso eu nao entendo, por isso não poderia falar sobre isso. Quero falar de vida, gente estética morreu, sucubiu na propria soberba, se esqueceu de comunicar, foi buscar na plástica a falta de comunicabilidade. Esse tipo de arte tem classe, classe social, teatro para altas camadas da sociedade, gente que gosta de pensar. Foi pensando que sai do teatro, foi pensando que me fiz perguntas e pensando escrevo aqui agora. Onde foi parar a poesia? O suspiro de se estar no teatro? To falando do que vi ontem, nenhuma lamentação existencialista, tem muita gente por ai que faz teatro "Contemporaneo" com conteudo e desafio.

Sabor: Gosto de ir ao teatro e esquecer que estou no teatro, só pra lembrar em alguns momentos e suspirar. Ontem fui ao teatro e tava lá no teatro, vendo o teatro sai do teatro. Foi como ir ao teatro olhar e sair, confesso que um pouco triste de ver tanto desperdicio, tanta falta de rigor, tanta possibilidade jogada fora.

Sou do tipo que prefere ver um babuino gritando doque ver um monte de macacos fingindo que são macacos. O texto, na minha opinião e na do Chaplin, se for dito deve ser dito como quem diz alguma coisa e não como quem simplesmente diz alguma coisa, esse "simplesmente dizer" não cabe no teatro, em nehuma arte, se for pra simplesmente dizer não diga, guarde pra você. Por isso o Carlitos dizia tanto sem dizer uma palavra.

O manual do teatro contemporaneo, pos moderno, é vendido nas melhores casas do ramo, desde de 1970/80 a gente trava esse duelo com o modernismo, a gente não, os Americanos, a gente tava vivendo a possibilidade da abertura e da anistia politica. Penso ainda no teatro sem classe, desses que minha mãe vai entender, digo entender... Coisa que alguns tentam dizer que está fora de uso. Entender o que? Entender o que se diz, como se diz. Não digo a historinha, digo a historia. Ali, no momento presente, a historia daquele ser em conflito, em conflito de morte! A beira da loucura! Ator usando seus musculos, sua voz, sua alma para nos proporcionar um momento de magia pura, de encontro com um ser novo.

Nem sei bem do que estou falando, mas de uma coisa é certa, se estou falando é por pura nessecidade.

Viva o que é vivo!

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