2010-08-18

Papinho

Ando pelos becos escuros a procuro de um tanto de mim que se perdeu por ai. Cato os pedaços e junto-me em frangalhos para continuar a vida que se morreu na curva de uma vida passada. Hoje é tarde, mas amanha, que nem existe, há um lá que me aguarda sem mim. Oh! Manhã dos inícios. Tudo começa e termina com a mesma velocidade do pensamento. Recrio-me independente de mim e sou parte infinita dessa substancia toda que estamos mergulhados e que sou eu e você também. Nem mesmo existo agora e já existo agora, novo e de novo. Dentro de mim, há um tanto de mim, de tantos outros, que desconheço necessária e necessariamente. Nada é nada. Tudo é um nós sem eu, que se pudéssemos medir saberíamos o quanto somos indivisíveis. Eu sou você e você sou eu agora e por toda a eternidade. Quando nos desfazemos nos fazemos e o que me compõe, ora, agora, me decompõe em ato, no ato, em relação. A causa do efeito é que sempre há o efeito da causa, infinitamente infinito. Quem não consegue acompanhar os fatos, mova-se! Basta um pequeno passo e já não estamos no mesmo lugar. Um pequeno passo para o homem é sempre um grande passo para a humanidade.



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